Não é de hoje que a Síndrome de Burnout vem ganhando cada vez mais espaço para debate nas empresas – e fora delas também. Afinal, se anos atrás já era muito difícil dissociar “vida pessoal” da “vida profissional”, nos últimos dois anos, em que milhares de pessoas passaram a fazer o home office, o desmembramento ficou quase imperceptível.
Doenças mentais e físicas decorrentes do estresse no trabalho sempre existiram, mas infelizmente, por muito tempo, esses problemas eram enterrados embaixo das pilhas de papéis e dos resultados a serem alcançados mês a mês. E pessoas sendo impactadas negativamente das mais diversas formas foram apenas… Sobrevivendo.
Não dá mais. Já não dava antes, agora, menos ainda. Saúde mental e emocional são problemas muito sérios e as empresas não podem se eximir da responsabilidade de promover um ambiente salutar às suas pessoas, que passam 1/3 do dia dedicadas ao trabalho.
Neste artigo, vamos entender o que é a Síndrome de Burnout, como ela afeta pessoas e organizações e 3 ações práticas para aperfeiçoar os cuidados com a saúde mental em sua empresa.
O que é a Síndrome de Burnout e principais causas
A Síndrome de Burnout é um esgotamento mental decorrente da exaustão no trabalho, cujos impactos também são sentidos fisicamente. Esse transtorno, de caráter depressivo, tem muitos sintomas semelhantes à ansiedade e ao estresse. No entanto, quando um especialista identifica que o gatilho é o trabalho (entre outras coisas), qualifica-se como Burnout.
A principal causa da Síndrome é o estresse resultante de situações de trabalho. Excesso de responsabilidade e de competitividade, chefia autocrática, assédio moral, ambiente cultural diferente e pressão pelo atingimento de resultados são alguns dos motivadores para o desenvolvimento da doença.
Outro facilitador do Burnout está relacionado a solicitações de entregas de alta complexidade ou fora das atribuições relacionadas à função desempenhada, deixando o profissional inseguro.
Aumento dos casos nos últimos anos, em especial, com a pandemia
Em 2019, antes da pandemia, a OMS incluiu a Síndrome de Burnout na Classificação Internacional de Doenças, a famosa CID. Um estudo da organização, realizado neste mesmo ano, apontou que cerca de 20 mil profissionais pediram afastamento médico por problemas relacionados ao trabalho.
Com a pandemia, os casos deste transtorno dispararam nas clínicas e os motivos mais relatados para isso são: o medo de ficar doente para quem não teve a chance de ficar em casa, a desinformação quanto à doença, a dúvida quanto à permanência no trabalho, as cobranças em excesso pela insegurança do gestor se a equipe está realmente trabalhando no home office, e por aí vai.
Todas as pessoas, em diferentes níveis hierárquicos, sofreram. Mas, algumas tiveram consequências na saúde mental e física.
Consequências para colaborador e empresa
Quando um colaborador está cansado, seu rendimento tende a diminuir. Uma simples noite mal dormida já diminui a produtividade do dia. Mas, quando a doença se instaura na vida do profissional, as consequências são desastrosas, desde o esquecimento de atividades e a dificuldade de concentração até desmaios súbitos.
Para o ser humano, sem sombra de dúvidas, os problemas são enormes. Mas, as empresas também sofrem com a Síndrome de Burnout.
Com o afastamento médico que, muitas vezes, é prescrito para o profissional afetado por esse transtorno e, consequentemente, uma pessoa a menos na equipe, há diversas ações que se desdobram a partir daí: necessidade de prazos maiores para as entregas, redistribuição das atividades entre os demais membros da equipe, demanda por horas extras…
Outro fator preocupante para as empresas é a imagem institucional diante do mercado. Hoje, as pessoas estão muito mais sensibilizadas para consumirem de empresas que têm uma posição social, não somente em relação à comunidade externa, mas às suas pessoas.
Portanto, recorrentes casos do transtorno, problemas trabalhistas, reclamações sindicais são fatores que “cancelam” a empresa e podem gerar grandes problemas financeiros.
Mas, com ajustes e ações planejadas, é possível melhorar as condições de vida dos colaboradores. E olha, separamos ações de custo zero ou baixo custo!
3 ações práticas para evitar esse problema em sua empresa
Nós sabemos que as empresas existem para dar resultados, mas não a qualquer custo, muito menos, ao custo da saúde das pessoas.
Sendo assim, listamos 3 ações práticas para serem implantadas o quanto antes em sua empresa, visando à saúde mental e física dos colaboradores – inclusive, a sua!
1. Reduzir hora extra
As pessoas precisam cuidar de suas atividades pessoais e a incidência de horas extras é um problema para isso.
Ao notar pessoas entrando mais cedo ou saindo mais tarde, vale um alinhamento com o gestor da área para entender o que está acontecendo.
É indicado orientar a liderança quanto à sobrecarga de trabalho e os problemas que isso causa, tanto para os colaboradores quanto para a própria empresa.
2. Revisar os benefícios corporativos
Hoje em dia, existe uma gama de benefícios corporativos que podem tornar a jornada do colaborador mais gratificante na empresa.
Além dos benefícios tradicionais e aqueles definidos em convenção, há como oferecer auxílios diferenciados, que têm custo zero ou baixo custo para implantação e manutenção, como: auxílio home office, auxílio educação, auxílio creche, vale-saúde ou convênio com farmácias, desconto em saúde emocional, desconto em academia e vale-cultura, só para citar alguns.
3. Orientar as lideranças
As lideranças precisam cuidar, mas também precisam ser cuidadas. Por isso, é fundamental preparar os líderes para um olhar mais humanizado às equipes, fugindo do perfil abusador, para que as equipes não padeçam.
Ao mesmo tempo, os profissionais em função de liderança precisam também ser preservados pelo board, com o mesmo olhar humanizado que se exige deles! Este é um momento favorável para promover mudanças em prol da saúde de todos.
Na Vislumbre RH, dispomos de diversos cursos para fortalecer seus líderes, bem como, podemos produzir conteúdos sob medida para as suas necessidades.
O que fazer se identificar um caso na empresa
O primeiro passo é indicar um acompanhamento profissional qualificado. Se existir psicólogo na empresa, oriente o profissional a agendar um horário e entender melhor o que está acontecendo.
Se não houver um profissional interno, oriente a busca de um psicólogo especializado em casos de Síndrome de Burnout.
Também converse com a equipe, líderes e subordinados do profissional afetado pelo transtorno. Uma conversa honesta, especialmente 1:1, vai oferecer insumos importantes para entender os motivos da ansiedade e do estresse que levaram o profissional ao colapso, ajudando você a traçar alguns planos para evitar que outros membros da equipe sejam impactados também.
E jamais se esqueça: respeite os seus limites! Estabeleça prioridades, delegue tarefas e se conscientize do que realmente importa para você. Afinal, não queremos que você também seja afetada pela Síndrome de Burnout!